Alguns criminosos utilizam o submundo do aplicativo Discord para violentar e humilhar meninas menores de idade. Para isso, os agressores passam a chantagear as vítimas a cumprir desafios. Se elas não aceitarem, fotos íntimas serão vazadas.

Resumo:

  • Criminosos chantageiam meninas por meio do aplicativo Discord;
  • Algumas delas são obrigadas e se mutilarem;
  • Ministério Público de São Paulo também deve investigar a plataforma.

“É importante que fique muito claro que não se trata de desafios que estão sendo praticados por adolescentes. Tratam-se de criminosos, a grande maioria maiores de idade, que utilizam a insegurança dessa plataforma em relação a crianças e adolescentes para praticar crimes gravíssimos contra essas meninas”, disse a promotora Maria Fernanda Balsalobra, em entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo.

Já o delegado Fábio Pinheiro Lopes afirmou que os criminosos são sádicos, misóginos e têm avesso por mulheres.

Os agressores se sentem protegidos pelo anonimato e, por isso, se tornam cada vez mais cruéis. Um deles, que foi detido em abril, disse para uma vítima: “Ajoelha, se prostra para mim, eu sou a po*** de um deus para você agora. Você é uma vaga**** que merece sofrer mesmo”.

O criminoso em questão trata-se de Izaquiel Tomé dos Santos, conhecido como Dexter. Além disso, há relatos de que ele obrigava as meninas a se mutilarem com lâmina. Em depoimento à Polícia Federal, o rapaz admitiu ter chantageado algumas garotas. “Elas tinham que esconder isso da família, principalmente as lesões que elas mantinham no corpo de cortes”, explicou o delegado João Rocha.

“A gente espera que os pais conversem preventivamente, busquem se os filhos têm alguma lesão, se ficam muito tempo dentro do quarto. O diálogo é importante”, acrescentou o delegado.

Outras prisões

No dia 23 de junho, a polícia prendeu outros dois criminosos que agiam no Discord e identificou mais um, Carlos Eduardo, conhecido como DPE, que segue foragido.

Além de responsabilizar individualmente os criminosos, o Ministério Público de São Paulo deve investigar a plataforma.

“Nós estamos apurando, através de um inquérito civil, a falta de segurança da plataforma Discord. Crimes individuais sempre vão ocorrer na internet. O que diferencia é a detecção de que nessa plataforma está ocorrendo um discurso estruturado de ódio. Um local propício para que eles planejem ataques contra as vítimas e, principalmente, transmitam o conteúdo do crime”, ressaltou o promotor de Justiça de São Paulo Danilo Orlando.

Ao Fantástico, um porta-voz do Discord informou que a plataforma “não tolera comportamento odioso”. “Nós trabalhamos ativamente para remover esse conteúdo. Gostaria de enfatizar que a vasta maioria das interações de brasileiros usando Discord são positivas e saudáveis. Nós somos proativos e investigamos grupos que podem estar envolvidos em ameaças a crianças e trabalhamos para tirar esses agentes ruins da plataforma”, concluiu.